Eu sou Anna Karina, professora, mãe atípica, feminista, vereadora suplente de Fortaleza pelo PSOL, e agora, pré-candidata a vereadora de Fortaleza.
Durante 45 dias dos meses de março e abril, estive vereadora de Fortaleza, quando pela primeira vez, na história de nossa cidade, tivemos 10 mulheres ocupando cadeiras da Câmara Municipal. Fomos 10 de 43, um número para comemorar e ao mesmo tempo para lamentar, porque ainda que inédito, é muito, muito, muito pouco. Mulheres são a maioria do eleitorado e da própria população da cidade, mas somos praticamente nada nos espaços de decisão de Fortaleza. Pra que atingíssemos a marca de 1/3 de mulheres vereadoras, que é o mínimo da cota de gênero exigida no processo eleitoral, deveriam ser 14, as eleitas; se nos fosse garantida a paridade, a mesma quantidade de cadeiras entre homens e mulheres, seríamos 21 ou 22 mulheres; e se considerássemos o percentual de mulheres de Fortaleza, precisaríamos ocupar 23 das 43 cadeiras de vereadores para sermos justas e justos.
Essa composição, essencialmente masculina, tem consequências, como por exemplo, a de não vermos sequer serem pautados vários dos projetos de lei apresentados para garantir mais segurança e dignidade às mulheres de nossa cidade, enquanto que projetos que beneficiam grupos empresariais, sobretudo aqueles da indústria e da especulação imobiliária, são pautados e defendidos com grande dedicação e afinco. A luta contra o assédio, contra a violência de gênero, em defesa da dignidade menstrual, da maternidade, dos direitos reprodutivos, da saúde da mulher, são só algumas das pautas deixadas para segundo ou terceiro plano.
Para além do debate de gênero, está o debate do apoio às lutas do povo de Fortaleza. Nossa câmara municipal, em sua quase totalidade, não se associa às lutas de nossa gente. Durante os meses de março a abril, não faltaram lutas, sobretudo de servidores públicos da saúde e da educação, e poucos, ou quase nenhum vereador, sequer usou da tribuna para prestar apoio e solidariedade às trabalhadoras e trabalhadores em luta por reconhecimento e condições mais dignas de trabalho. Menos ainda foram aquelas e aqueles que compareceram aos atos, manifestações e assembleias desses trabalhadores para prestar-lhes apoio em suas lutas. Cito a educação municipal, os trabalhadores do IJF, os médicos psiquiatras dos CAPs, os servidores municipais, a educação básica e superior do Estado, o Detran e a educação superior federal, como exemplos, simplesmente, ignorados pela quase totalidade da Câmara de Vereadores de Fortaleza. Falta voz na CMFOR aos que lutam e, não a toa, nesses 45 dias de mandata, dediquei-me a várias delas, sobretudo a de minha própria categoria, a de professoras e professores da rede estadual, que mais uma vez teve de enfrentar as manobras e golpes de uma diretoria sindical que nos enche, a todas e todos, de vergonha.
A emergência climática e a solidariedade ao, cada vez maior, número de desabrigados do clima; o combate à fome, ao negacionismo científico, à onda de fake news, à ofensiva neoliberal e ao lucro acima da vida; a batalha em curso contra o bolsonarismo, o fascismo e à disseminação do ódio e da intolerância; a defesa do serviço público, de moradia digna, do direito à cultura e de uma educação pública de qualidade inclusiva e livre de assédios moral e sexual; a luta antirracista, feminista, LGBTQIAPN+, anticapacitista e ecossocialista; o direito a amar, viver e ser quem se é, fazem do PSOL, um partido necessário para o nosso país, nosso estado e nossa cidade, e nos exigem a construção de alternativas à esquerda, e entre tantas pautas que encaramos no PSOL, Fortaleza precisa ter na câmara de vereadores, uma alternativa à esquerda em defesa da educação e do feminismo e te convido a construí-la e fortalecê-la conosco.